Resumo: | O objeto central do estudo são as oportunidades que o Curso de Aconselhamento em Amamentação, desenvolvido no Brasil pelo Ministério da Saúde, proporciona a seus egressos no assistir a mulher em processo de amamentação. Nesta perspectiva, usamos a metodologia qualitativa e trabalhamos com as Representações Sociais que os profissionais têm sobre a mulher, a maternidade e amamentação e sua inter-relação com o assistir em amamentação antes e imediatamente após o curso. Os dados foram coletados em Palmas (TO), Natal (RG) e Vitória (ES) através de entrevistas gravadas, transcritas e trabalhadas pelo método de análise de conteúdo, modalidade temática que, aliada à observação participante, possibilitou ampliar a compreensão e a construção deste conhecimento. A análise e a interpretação de todos os dados permitiu identificar, nas entrevistas iniciais, que a maioria dos profissionais operava com um modelo assistencial fundamentado em princípios higienistas. Apenas um pequeno grupo se mostrou previamente atento às questões singulares e subjetivas da mulher em decorrência de vivências pessoais e profissionais e/ou de uma maior sensibilização quanto a estes aspectos no processo de amamentação. Após o Curso, a análise do conteúdo das falas permitiu identificar que, a maioria dos que apresentaram acentuada contudância em relação aos referenciais do modelo higienista, revelou um sensível despertar para as questões da mulher e todo o seu entorno social. A mudança de postura, de verticalizada e impositiva, para uma atitude mais atenta em relação à oportunidade de expressão da mulher, em suas questões singulares e subjetivas, foi identificada nesta visível sensibilização. Segundo esta perspectiva, torna-se razoàvel inferir que o Curso, apesar de não apresentar transformações concretas, cria no profissional a oportunidade reflexiva de uma nova forma de pensar sobre sua postura no assistir à mulher que amamenta que, ao ser ouvida, pode ser compreendida. Uma importante falha operacional do Curso ficou caracterizada no processo de seleção dos profissionais, futuros instrutores, que apresenta baixa especificidade no perfil dos indicados pelas Secretarias de Saúde dos Estados. (AU).
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